sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

18. Q de Quero



Quero


Não, não quero
Escutar os teus silêncios,
Quando por entre as frinchas da janela
Te envolves com a mudez das nuvens passantes.

Não, não quero
Ser ombro dado às tuas mágoas,
Quando por entre as frestas do portão
Inundas os meus passos na lacrimejante lamúria dos teus dias.

Não, não quero
Ser coito de teus ciúmes,
Quando nas páginas do teu diário
Esganas as entranhas na insegura caligrafia das palavras.

Não, não quero
Ser o alvo da tua fúria
Quando me apontas flechas
De irada e demencial verve dos zelos da paixão.

Apenas quero
Ser o recetáculo dos teus gemidos
Quando tu te entregas
Na desenfreada loucura do conjugal dossel.


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