quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

17. P de Passagem



Passagem

Procuro-te na voraz passagem
E perco-me em oceanos de segundos.
Porque és tão cruel relógio do meu batimento
Oleado e síncrono
Que nunca te enganas sobre o teu cristal?
Fios de prata desalinhados na minha melena,
Outrora negra, testemunham-te, ponteiro.
Voraz e cruel, porquê te rebatizar?
Nem na caixa dos sinónimos, nem na bolsa dos adjetivos
Nem por figuras de estilo te troco.
Voraz e cruel, sim. Voraz e cruel.
E no entanto, na minha rugosa pele,
Hepáticas manchas epidérmicas,
Orgulham-se de ti.
Só tu, tempo, só tu, voraz sepulcro de instantes,
Só tu, cruel relicário de momentos,
Só tu és a passagem onde me perco
À procura do inatingível retorno.


2 comentários:

  1. Que maravilha de foto e poema!

    A passagem para o mistério...

    O candeeiro foi tirado em Madrid.

    Beijos.

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  2. Essa é uma passagem nebulosa... mas a foto está gira! :)

    Beijocas!

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