terça-feira, 24 de setembro de 2013

45. R de Ruínas



Ruínas

De alvoroçado bramido se me fez o dia.
Eram os teus lábios que eu procurava
E apenas o som da telefonia me distraia o sonho.
Havia balas escondidas esperando canhões
E canhões invadidos com flores.
E os teus lábios não clamavam pelos meus
Porque ocupados estavam a gritar Liberdade.
Eu queria morder-te a palavra, sôfrego dela,
Mas as capas dos jornais desviavam-me o olhar.
E então os teus olhos refletiam espingardas
Ornadas de cravos e o ruído ensurdecedor
Da multidão ecoava no Carmo.
Hoje apenas sobram os teus lábios.

Tudo o resto não passa de ruínas.

1 comentário:

  1. Vitor, caro amigo, não conhecia este teu lugar. Palavras, sentires, imagem, tudo em perfeita harmonia. Gostei muito.

    beijinho
    cecilia

    ResponderEliminar