quinta-feira, 18 de abril de 2013

41. N de Nau



Nau

Navego em turbulentas águas
Revoltas nos elos do meu cérebro.
É um emaranhado fluido de ideias vagas,
Não, não são vagas as vagas que o inundam.

Se me faço ao mar afogo-me em presságios
Que melancolicamente percorrem a rosa-dos-ventos.
Se me fico pelo cais temo a vaga que se agiganta,
Não, não são vagas as vagas onde balanço.

Desfaço-me confuso na escuma de milhões de gotas
Já me escasseia o oxigénio que clareia o marujar.
E de nordeste cresce a imponente vaga,
Não, não são vagas as vagas do meu tsunami.

E nem a Nau que a porto me aporte, me aportará
Se a estibordo não há estrelas e bombordo não enxergo.
Então desfaleço na imensidão perpétua da cruel vaga.
Ah! Como não são vagas, as vagas que me aproam. 


4 comentários:

  1. Que bela surpresa Vítor! Fiquei encantada e vou seguir. Além das fotos lindas há os poemas que encantam com a seu natural dom para a escrita.

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  2. Sublime!

    Um post de luxo. Foto e poema em total sintonia.

    Beijinhos.

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  3. Bela imagem e a reflexão muito interessante.

    Parabéns pelo seu blogue

    Paula Borges

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