Ternura
Se um dia te escrevesse um poema,
começaria com um rascunho.
Um esboço de medo, passeiro...
compartimentado.
Talvez em quarteis.
Sim, assim seria. Em quarteis.
No primeiro, sonhador,
desenharia as palavras com o carvão da utopia.
No segundo, aventureiro,
sequestrava-as.
No terceiro, acabrunhado,
plissava folhas de papel
e em cada prega deixaria uma...
timidamente escondida.
E no último, porque é o quarto,
libertaria a poesia.
Deixaria que as tuas mãos, serenas,
as roubassem de cada plicatura
e as aventassem, ditas dúcteis
pl'os teus lábios.
Ternas são as noites de poema.
Vítor Fernandes © março / 2014
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