Fim
de festa
Já dormem as horas
de um dia que foi esperança
e já se apagam as luzes
nos balões da festa;
até as flores na jarra murcham.
Dormem corpos no relento da indiferença
e colocam de novo a cartola
os velhos charutos que se reacendem...
chupam-se as espinhas da cabeça
de um velho peixe salgado.
Gemem milhões
sem tostões em hospitais abarrotados,
morrem velhos nos corredores da desesperança
espirram milhões
de burlas constipados, cartolas,
em cobertas quentes (encobertos e quentes) de
poder.
Falam de abril como se exista abril
em pluri-mentiras atiradas a tolos
como se papas fossem
e morrem sem papas outros tolos
que acreditam que existe abril.
Já
não há armas como antigamente
nem há antigamente
mas ainda há liberdade para não se querer
o antigamente que é este presente.
Murcham na jarra as flores
e apagam-se as luzes da festa nos balões
e a liberdade teima em morrer no indiferente
relento
nos corredores dos hospitais,
em frente à espinha salgada da cabeça do peixe.
Onde estão as armas de antigamente
se não na escrita do poeta?
E o homem da cartola
de charuto reaceso ri agora
no rosto da liberdade do poeta
e nega-lhe de novo abril.
Até um novo abril!
© Vítor Fernandes
21/04/2015
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