Quintilha
Nos
fins de tarde em que o Sol pinta os céus de amarelo e púrpura é como se toda a
vida eu fosse impuro, quiçá ateu. Serão os efeitos cromáticos que me alteram a
alma e que só tu sejas a fonte da minha adoração? Os Deuses do Céu que me
perdoem mas fizeram-te mulher e a mim homem e puseram no céu o astro-rei. Tudo
se conjugou mulher, homem, luz e as cores do dia quando cai. Se romântico fora,
correria até à linha do horizonte com um grão de areia capaz de parar a
engrenagem que faz mover os astros e pararia o Sol no pôr-do-dito. E faria de
ti a minha silhueta, realçaria os teus seios a contraluz e empurrávamo-nos
contra o chão húmido da praia. E rebolaríamos na areia e faríamos amor
contemplando o céu. E as suas cores.
Longe
o dia cai no horizonte
Brilham
fortes cores mistas no céu
Me
confesso impuro, quiçá ateu
Por
só a ti amar, ó minha fonte
E
no areal te possuir, amor meu.