terça-feira, 11 de novembro de 2014

49. V de Vade retro



Livrai-me Senhor

Socorro, socorro
Que Deus me ajude
a tomar a atitude
quando não, eu morro.

Estou farto de estar
por aqui a clamar
contra imbecis
e outros seres vis
mas foi Deus que quis
que os deva aturar.

E do mal que perdura
que há muito que dura
que me tapa a veia
é uma mão cheia
uma autêntica teia
o amor à gordura

Livra-me disso
e do pão com chouriço
E maçar não quero não,
peço pouco então
as moscas no verão
E pronto é só isso!

©Vítor Fernandes
11-11-2014

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

48. U de ultraje



Montanha

E o vento soprava gélido e eu lá estava,
batia-me o coração  num ritmo descompassado
 e as minha pernas tremiam.
A pele engelhava-se-me, mas eu não envelhecia.
Os homens paravam estarrecidos
e eu, confesso, tive ciúmes.
(Oh vil! oh reles! oh bastardo!
Não vales nada, ciúme infame...
Oh inquietude que não supero
Vade retro mesquinha e torpe agonia).
Do lado da montanha soprava o vento.
Gélido e eu lá estava,
porque tu te impunhas e a ofuscavas.
Atrás de ti só a montanha que sopra ventos.
E outros homens te cobiçavam
E o biltre e ignóbil ciúme me arrastava
para a montanha, roubando-me de ti.
Gélido!


© Vítor Fernandes